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O que o algoritmo não vê, o coração não sente.




Com o mundo de possibilidades infinitas que é a internet, achamos que nossos feeds mostram tudo que está acontecendo no mundo virtual e, também, no mundo real. Doce ilusão.


A bolha virtual existe, trata-se de um ciclo vicioso de informações. O usuário percebe-se saturado ao consumir os mesmos conteúdos, perfis e canais online que surgem em suas redes sociais, como se estivesse preso num limbo midiático. Consequentemente, torna-se impossível obter uma percepção verídica do que realmente ocorre no mundo, pois nem mesmo portais de notícia são exceção para o algoritmo, o famoso fenômeno que, desde seu surgimento, vem bagunçando a vida de qualquer produtor de conteúdo. Sua definição no dicionário é um tanto complexa, mas para explicar de forma simples e dentro do contexto aqui discutido; ele é um cálculo que compreende nossos comportamentos na internet e, assim, pode definir o conteúdo que surge em nossos feeds de forma personalizada. Eis um exemplo:


Bolo ou K-Pop?


Pessoa X pode pesquisar 'Red Velvet' no Google e encontrar resultados sobre o bolo Red Velvet por toda parte, enquanto pessoa Y faz uma pesquisa com o mesmo título e recebe informações apenas sobre o grupo de pop sul-coreano, Red Velvet. Como pode uma ferramenta global como o Google oferecer resultados tão diferentes com a mesma pesquisa? Algoritmo. Pessoa Y consome muito conteúdo sobre K-Pop, já pessoa X nunca ouviu falar neste grupo. Se Y apresenta as músicas do Red Velvet para X, a receita do bolo perde espaço para as artistas. A bolha virtual é uma consequência do algoritmo.


Ok, esta é a maneira mais simples de se explicar como funciona o algoritmo, mas você sabe por quê ele existe? É preciso lembrar que há pouquíssimo tempo vivemos a ascensão da internet, há apenas 26 anos que passamos a utilizá-la dentro de casa. Ainda estamos em processo de adaptação enquanto a World Wide Web constantemente evolui, assim como a sobrecarga de informações online. Não se trata mais de "qual é o melhor horário para postar no Instagram?", uma vez que esta pergunta gerava uma corrida de Fórmula 1 para que seu post fosse o primeiro a aparecer no feed, o algoritmo surgiu para oferecer um consumo de mídias mais relevantes ao estilo de vida de cada usuário. Não importa o quão famoso o grupo Red Velvet seja, enquanto você não interagir com postagens sobre as cantoras, elas dificilmente surgirão em suas redes sociais. As tendências deixaram de ser o que está em alta, mas o que está em alta na sua bolha.


O poder de uma bolha.


Muito além de bolo e K-Pop, os algoritmos têm o poder de direcionar, até mesmo, o rumo da política. Os Estados Unidos servem como ótimo exemplo disso.

Crentes em sua influência de longa data, a maioria dos canais de mídia impressa direcionaram seus posicionamentos a favor da concorrente de Donald Trump, Hillary Clinton nas eleições de 2016, a fim de que a população pudesse repensar a eleição do bilionário. Porém, o poder do veículo já não é o mesmo.

Dias antes das votações, notícias falsas que variam entre um suposto apoio do Papa à presidência de Trump, até uma investigação do alegado envolvimento de Clinton em um assassinato, realizado por um jornal que não existe, influenciou uma polarização definitiva entre os eleitores. Acabando novamente com a paz de Mark Zuckerberg, já que o foco de fake news foi identificado no Facebook pela falta de fiscalização da veiculação de anúncios. Há poucos anos, considerávamos redes sociais um espaço apenas para jovens, hoje o ambiente virtual pode mudar o percurso da história e os jornais percebem, na prática, as diferenças entre gerações. A depender da sua bolha, os eleitores recebiam conteúdos que os fizeram questionar a reputação e valores de seus candidatos. Quanto aos que não encontravam-se em bolhas definidas, logo foram bombardeados com posts e anúncios altamente impulsionados para que a escolha de "time" fosse facilitada.


Você controla sua bolha?


Compreendendo o objetivo dos algoritmos, sabemos como facilitam o encontro dos consumidores e conteúdos realmente relevantes a seus comportamentos e interesses, mas o impacto deste filtro também ocasiona desinformação em grandes níveis quando não somos conscientes de sua presença e da possibilidade de utilizá-lo a favor de quem for mais esperto. O filtro foi aplicado no mundo virtual por completo, mas não quer dizer que não possamos utilizá-lo a nosso favor, afinal, foi criado de uma maneira que a infoxicação fosse solucionada.

Portanto, muito além de limpar cookies e excluir históricos de pesquisas regularmente a fim de resetar o algoritmo e permitir informações diversas em nosso espaço, devemos exercitar nossa quebra da bolha fora da internet. Enquanto nos acomodarmos com um conteúdo completamente personalizado e exclusivo, que concordem com nossas preferências, sempre retornaremos a ele. Você enxerga sua bolha?






Fontes:



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