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Proteja-se contra a F.o.M.O.


Já contou quantas vezes você pega o celular durante o dia? Notou uma necessidade de reagir a qualquer mensagem imediatamente? Encontrar-se atualizando a rede social até o momento em que não houvessem mais postagens? Até mesmo a falsa sensação de que o celular está vibrando no bolso, anunciando uma nova notificação, já aconteceu com você?

Se estes sintomas lhe cabem, não é preciso um diploma em Medicina para dar o diagnóstico de F.o.M.O., a sigla que significa ‘Fear of Missing Out’ que, no português, é traduzida para Medo de Perder Algo. Não falo de perder a chave do carro ou sua carteira, mas sim de perder qualquer acontecimento em qualquer lugar. A F.o.M.O. é a síndrome da tecnologia atual, a consequência do momento em que a criação do ser humano ultrapassa sua própria compreensão.

Com o constante avanço da Internet desde os anos 90, notamos nossa dependência dos pequenos aparelhos apenas quando tiramos os olhos da tela e olhamos ao redor. É comum encontrar representações visuais de nossos smartphones como os vilões da história, quando o único que mantém o vício, que procura a sensação de satisfação em um número avassalador de likes e conteúdos altamente curados a qualquer sinal de desinteresse no cotidiano, somos nós. Esta ansiedade afeta tanto a vida pessoal, limitando as verdadeiras conexões do indivíduo com o momento presente e os relacionamentos orgânicos, quanto a vida profissional, refletindo na produtividade e na habilidade criativa de solucionar problemas.


ON-LIFE

Como cresceram adaptando-se a esta velocidade da comunicação, a geração atual percebeu o impacto em seu tato com a realidade e o nível de sua produtividade de forma tão imediata quanto adquiriram o vício. Alguns saudosos dos tempos anteriores pensam em abdicar do uso das modernidades e tentar viver como nos anos posteriores a estas tecnologias, porém, se o indivíduo pretende permanecer em sociedade, torna-se uma tarefa quase impossível. Em um estudo realizado em 2018, o Brasil ocupa a posição de quinto país no ranking de uso diário de celulares no mundo com a média de 3 horas diárias gastas com o aparelho. Não se trata mais de simplesmente desligar este mundo com um botão, pois deixamos de viver numa escolha entre online e offline, nós vivemos a on-life. O Professor de Filosofia e Éticas da Informação da Universidade de Oxford, Luciano Floridi, explica:

“Hoje, em diversas sociedades avançadas na informação, perguntar-se se você está online ou offline não faz sentido. Imagine-se sendo questionado se está online por alguém que está falando com você pelo smartphone, que está conectado com seu sistema de carro pelo Bluetooth, enquanto está dirigindo com as instruções de um GPS, que também está fazendo download de informações sobre o tráfico em tempo real.”


MENOS É MAIS

Com a preocupação de adaptar-se à velocidade da comunicação social atual enquanto preservamos nossa saúde, alguns movimentos surgiram desde então. O mais debatido na atualidade é o Minimalismo que, antes conhecido como um movimento artístico, foi adaptado para o estilo de vida e baseia-se na crença de que “menos é mais”, ou seja, quanto menos coisas tomarem o espaço físico e psicológico em seu cotidiano, mais energia e atenção possuirá para focar apenas no que necessita para a funcionalidade do dia-a-dia. O conceito também foi adaptado para o aspecto tecnológico, chamado de Minimalismo Tecnológico ou Minimalismo Digital, com foco nas atividades virtuais e quantos gadgets são necessários em nossa vida.


O REMÉDIO

Diversos adeptos das filosofias compartilham suas experiências e dicas pela plataforma Youtube, um dos canais mais famosos que abordam o tópico é o do filmmaker Matt D’Avella, que também fez parte da produção de um documentário sobre Minimalismo chamado ‘Minimalism: A Documentary About the Important Things’ (Minimalismo: Um Documentário sobre as Coisas Importantes’). Porém, para melhor implementar e adaptar os ensinamentos desta filosofia em seu cotidiano, é preciso compreender seu nível de consumo e as razões que levam ao vício. Para maior praticidade dessa auto-avaliação, recomendo o ‘Moment’: o aplicativo que monitora seu padrão de uso do celular, desde o registro de todas as vezes que desbloqueamos a tela, à porcentagem de tempo do seu dia gasto imerso ao aparelho. É disponibilizado também a possibilidade de limitar o uso com alertas e dicas de como evitar gatilhos para este tipo de ansiedade.

O simples avanço para armazenamento de músicas que cabe no bolso em 2001, o surgimento do primeiro iPod, foi o bastante para incitar especulações (algumas em tom cômico, outras um tanto mais sérias) de que estaríamos a caminho de uma dominação tecnológica, porém, entre os prós e contras da evolução das criações do ser humano, o fator mais importante é reconhecermos que precisamos focar em utilizar estas ferramentas como a vantagem que oferecem, e não deixá-las tornarem-se um fator dominante do nosso comportamento, por mais tentador que seja, distraidamente, compartilhar memes o dia inteiro.


Fontes:

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