Datas comemorativas sempre instigam as marcas a investirem em novas campanhas publicitárias. É assim no Dia das Mães, Dia do Pais, Natal, Páscoa e também no Dia das Crianças, comemorado no Brasil em 12 de outubro. Aproveitando esse ensejo, selecionamos algumas ações para verificar como a publicidade tem pensado a questão da infância e de que forma isso está sendo levado para o público.
Apesar de ser proibida em vários países, aqui no Brasil a publicidade infantil, por muito tempo, foi focada em brinquedos e alimentos que despertavam desejos nos pequenos. Quem viveu os anos 90 e 2000, provavelmente lembra do mundo mágico da Lego, da Barbie, dos Comandos em Ação, da Moranguinho ou do Toddynho “seu companheiro de aventuras”.
Nos últimos anos, a pauta da publicidade infantil tem ido além da venda de produtos, demonstrando preocupações com as discussões contemporâneas e pautas sociais que são pertinentes também no universo das crianças. Campanhas recentes de marcas consolidadas estão abordando temas como bullying, racismo e preconceito, orientando as crianças a se aceitarem como são, suas diferenças, e incentivando adultos a resgatarem seus valores de criança.
A famosa marca de bonecas da Mattel, Barbie, lançou neste ano o projeto “Brecha do Sonho”, uma iniciativa que buscam combater a diferença de oportunidades, para algumas áreas profissionais, entre meninos e meninas. Explicitando uma discussão sobre preconceito de gênero, o vídeo da campanha traz meninas de várias partes do mundo, com idades em torno cinco anos, expondo dados que demonstram o quanto os meninos são mais incentivados e encorajados a seguir profissões de liderança, ou em áreas específicas como ciência e engenharia.
Neste mesmo caminho, a oitava edição da campanha do Itaú “Leia Para Uma Criança”, criada pela DPZ&T, apostou na história de uma garotinha negra que desperta seu interesse para a ciência e tecnologia, a partir de um livro sobre robô, que o pai lê para ela. Assim, o vídeo mostra o crescimento da garota com suas primeiras experiências tecnológicas até a vida adulta, quando ela supera os obstáculos e se torna uma importante cientista.
A marca de cosméticos Dove também mergulhou fundo na temática social infantil em um projeto que incentiva a autoestima das crianças, com o emblema: “O que elas dizem, nem sempre é o que elas sentem”. A partir de uma parceria global anunciada com o canal Cartoon Network, prevista para durar dois anos, o projeto usará a série “Steven Universo” para educar crianças e jovens sobre confiança corporal através de temas como inclusão e empoderamento, algo nunca realizado antes.
Esta tendência, aberta por grandes marcas, não por acaso está se proliferando. Há um entendimento embasando essas temáticas, acompanhando um movimento maior de discussões que estão se consolidando nos últimos anos. São debates sobre igualdades, diversidade, respeito e, acima de tudo, liberdade, sentimentos que costumam ser genuínos na infância e que muitas pessoas vão esquecendo ao longo da vida.
Luana Feldens é jornalista e gestora de mídias digitais da Conceito